IMPRESSIONISMO E EXPRESSIONISMO

IMPRESSIONISMO E EXPRESSIONISMO
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As datas utilizadas para marcar o início e/ou o fim de um movimento artístico têm apenas fins didáticos ou de organização. Na verdade nenhum estilo nasce ou morre em uma data específica; o que ocorre é que naquela ocasião tornam-se nítidos os contornos de uma nova tendência. Assim, anos depois, os estudiosos organizam uma espécie de mapa de “estilos de época” com o objetivo de facilitarem os estudos sobre determinado período histórico-cultural.
Desse modo pode-se afirmar que no período de transição entre os séculos 19 e 20, quando os pintores europeus deixaram de se preocupar com o retrato fiel da realidade (em reação às inúmeras transformações políticas, sociais e culturais) e passaram a utilizar pinceladas mais soltas, de modo a valorizarem o movimento, teve início o Impressionismo que, como o nome sugere, pretendeu registar visualmente, através do jogo de cores e luz, a impressão que o “fora” deixa no “dentro” do artista, ou seja, a impressão que o mundo exterior provoca na subjetividade do artista.
O movimento – o que eu mais amo na pintura – começou na França e lá teve seus maiores representantes, como Pierre-Auguste Renoir, Claude Monet, Edouard Manet e Edgar Degas. Renoir é o meu pintor preferido e sua tela “Rosa e Azul” (acervo do MASP), da qual falei aqui, é a que mais me emociona entre todas as pinturas que conheço.
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“Roses and jasmine in a delft vase”, Pierre-Auguste Renoir
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“Water lilies evening effect”, Claude Monet
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“Effect of snow at petit montrouge”, Edouard Manet
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“Three dancers in an exercice hall”, Edgar Degas
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O Expressionismo, por outro lado, surgiu com a intenção de retratar o “dentro” do artista, sem nenhuma preocupação com o que está fora dele. Em outras palavras, os expressionistas buscaram expressar seus estados emocionais de forma a sobrepujarem as representações da vida social ou da natureza, o que não é de se surpreender uma vez que surgiu na Alemanha, no início do século 20, num momento em que o país atravessava um período de guerra.
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“Strong dream”, Paul Klee
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“Horse in a landscape”, Franz Marc
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A fim de alcançarem, portanto, uma reflexão individual e subjetiva os pintores expressionistas como Paul Klee, Erich Heckel, Franz Marc e Max Beckmann, entre outros, utilizaram a distorção, o primitivismo, o exagero e uma paleta cromática marcante e agressiva. Influenciados por Vincent Van Gogh, considerado precursor dessa tendência artística, os alemães influenciaram outros pintores, como Pablo Picasso e a nossa Anita Malfatti. Outro importante pintor impressionista foi o norueguês Edvard Munch, autor da conhecida obra “O grito”.
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“The scream”, Edvar Munch 
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É interessante conhecer um pouco do estilo histórico de cada artista, de suas habilidades técnicas e de seu domínio do espaço e da luz, pois esse conhecimento amplia nosso entendimento da obra e, desse modo, do próprio mundo e do lugar que nele ocupamos. Entretanto, como bem observa Robert Cumming*, nossa interpretação pessoal é o mais importante na “viagem de exploração dos significados das pinturas”:
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Uma orientação simples é: se você vê alguma coisa sozinho, acredite nela – não importa o que digam. Se não consegue ver, não acredite (…). Cada pessoa tem o direito de levar para uma obra de arte o que quiser levar através de sua visão e de sua experiência (…). Se a dimensão pessoal (ou “espiritual”) se perde, então olhar uma obra de arte não é mais significativo do que olhar um problema de palavras cruzadas e tentar resolvê-lo. 
(*CUMMING, Robert. Para entender a arte. São Paulo: Ática, 1996, p.7).
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“Night”, Max Beckmann
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Beijo&Carinho,
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Créditos das imagens: aqui e aqui. 
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43 thoughts on “IMPRESSIONISMO E EXPRESSIONISMO”

  • Oi Ju, é uma aula sempre eu saio daqui mais sabida rsrs, gosto muito de ler de entender coisas que antes nunca havia me perguntado se fazia sentido ou não, como foi o caso da explicação dos estilos nascerem ou morrerem, realmente não dá para dizer o fim, já que a arte nunca termina há sempre uns seguidores de um estilo e outro, gostei do quadro rosa e azul tb.

    Bjs

    Gélia

  • Olá, Ju!

    Tudo bem?

    Como é bom relembrar matéria, que já aprendi, e que você tão bem expôs, aqui.
    Embora você pesquisasse e tivesse, naturalmente, apoio bibliográfico, fazer um apanhado/resumo dessas tendências artísticas, não é para qualquer um/a.

    PARABÉNS PELO SEU BRILHANTISMO E CAPACIDADE.

    Frequentei, com aproveitamento, dois anos de História da Arte, mas por opção, não que fosse matéria obrigatória do curso de História, que estava frequentando, na Faculdade, na altura.

    Gosto muito de arte, com arte, ou pelo menos com aquilo que meus olhos gostam e conseguem apreciar.

    Quando estive de férias, dez dias em Agosto, comprei em Sevilha, duas esculturas, em madeira. Olhei para elas e me pareceram, bem bonitas. Uma delas, se assemelhava a um golfinho, em meu olhar, outra, me parecia uma mulher alvoroçada.

    Falei com o escultor, mesmo, e perguntei para ele o que elas representavam, para ele, aquando da feitura das mesmas. Me respondeu: não se preocupe, com interpretações da arte. Para mim, disse ele, essas duas esculturas representam os seios e as coxas da mulher. Fiquei meio "desarmada", acredite.

    Excelente publicação, essa, minha querida colega. Parabéns, de novo!

    Beijos da Luz, com estima e apreço.

  • Olá Jussara,

    Adorei esta explanação. Sou apaixonada por arte, mas sou bem amadora nas minhas apreciações.
    Esta orientação de Robert Cumming é fantástica e lógica.
    Quanto ao 'Grito', de Edvard Munch, já tive oportunidade de ler a respeito, pois a obra chamou minha atenção.
    Postagem riquíssima e de grande valia para mim, que sequer conhecia o 'expressionismo'.
    Parabéns pela bela postagem.

    Beijo.

  • Olá Jussara,
    Confesso que, apesar de gostar de arte, sou super amadora. Morei alguns anos na Europa e tive oportunidade de apreciar inúmeras obras. Visitei vários museus, aprendi muito para quem não sabia praticamenet nada. E ainda tenho muito para conhecer… Obrigada pela aula!
    Abraço,
    Denise – dojeitode.blogspot.com

  • Jussara,

    Eis aí uma bela "aula" expositiva acerca do impressionismo e do expressionismo. Você sabiamente pontuou um fato: a tentativa vã de se conformar em épocas ou datas as produções artísticas. Isso só serve para as academias de ensino, senão teríamos que ter decretado, por exemplo, a "morte" dos sonetistas na época do modernismo, ou não?

    Um abraço já primaveril,
    Roberto

  • Oiiii Ju, vc explicou tão bem que até me senti entendida rsrsr Sou bem leiga em relação a arte, só sei dizer se achei feio ou bonito e acho lindo quem sabe interpretar, parabéns!
    BjoBjo querida;)
    Celina Alves
    Luxos e Luxos

  • Jussara
    Meu predileto é Claude Monet. Você sempre encantando com suas postagens. Toda vez que olho uma obra de arte embora não tenha a sensibilidade como a sua sempre me atenho as cores ,luz e sombras, e sempre me pergunto o que êle queria expressar.
    Nessa tela de Edvar Munch é inimaginável o terror que ele estava sentindo no momento, como a indignação que mostrou Picasso pela guerra em "Guernica"
    Amei a sua aula, acho que é bem assim o que disse Robert Cumming.
    Lindo dia para você.
    bjs

  • Oi Jussara,
    Sou formada em artes plásticas, com licenciatura em comunicação visual, e adoro estas duas escolas.
    Desculpe-me estar comentando como "anônimo" mas estou usando uma máquina que não me pertence.
    Bjs e um ótimo restinho de semana para vc.

    http://www.gosto-disto.com

  • Adorei….a aula…rs
    Eu amo Frans Post…e suas pinturas sobre o Brasil.
    Muito realistas…quase uma fotografia da natureza.
    Amo Monet também…e adorei sua descrição do seu quadro predileto.
    Uma beijoca.

  • Já que o assunto é arte… aproveito para convidar quem estiver em São Paulo para ver a exposição de telas que vieram da Itália pela primeira vez, no espaço Cultural Banco do Brasil. A entrada é gratuita e a exposição vai até dia 23/09
    Mestres do Renascimento – Obras-primas Italianas
    Local: Subsolo, 1º, 2º, 3º e 4º andares | CCBB SP
    Horário: Quarta a segunda das 10h as 22h até o dia 23/09
    As pinturas, esculturas e desenhos foram selecionadas com o intuito de mostrar aos visitantes o percurso do movimento renascentista em toda a Itália. Estão previstas obras de Rafael Sanzio, Ticiano, Sandro Botticelli, Michelangelo Buonarroti, entre outros.

  • Oi Jussara
    foi bom rememorar através de seu post.
    Eu esqueço facilmente
    só sei apreciar!
    Também gosto de Monet, mas meu preferido é Paul Gaugain
    do qual não lembro de qual movimento pertence. Só sei que é lindo.
    muito bom estar aqui
    bj
    Zizi

  • Oi Jussara, é a Vi, se eu tivesse que escolher para colocar em casa, escolheria os impressionistas..
    Eu não entendo de arte, mas preciso sentir a arte, e me sentir bem ao contempla-la.
    Amei suas explicações, você faz tudo ficar de facil compreensão.
    Bom fim de semana, beijos,Vi

  • Oi Jussara é sempre bom aprender sobre estilos de pintura. Eu gosto, quando visito museus passo horas mas não entendo muito bem dessa classificação dos períodos e estilos. Confesso que admiro as obras renascentistas, talvez pelo retrato da época e pela influência que esta teve na evolução da humanidade, mas gostar eu gosto de todas. Um pouco menos do cubismo:(
    Bjs
    Joana

  • Renoir e Monet eu gosto. Não entendo nada, mas me agradam os olhos. Impressionismo, expressionismo… demais pra minha cabeça. Qdo observo uma obra de arte, olho a harmonia, os traços, por isso alguns quadros valiosíssimos pra mim não passam de rabiscos. Não consigo entender como podem valer tanto. É claro que não entendo nada de nada, mas nas suas palavras parece tudo tão fácil… mas teria que reler e até decorar pra poder fazer a diferença entre um e outro.
    Bem, deixo essa análise pros entendidos. Confio em meus olhos pra classificar em bonito e não bonito.

    Um ótimo fim de semana, mineira!
    Beijos

  • Oi Jussara, fiquei muito feliz com tua amável presença lá no blog! Agradeço a visita e o teu lindo comentário!
    Sempre gostei de arte, e esse post está muito lindo, um ótimo aprendizado, parabéns!

    Obrigada, amiga, pelo carinho e atenção!

    Desejo que tenhas um lindo e abençoado final de semana!
    Um super beijo!

  • Lendo em palavras, o sentimento que passa no coração…Gosto mais do que é retratado fielmente, definitivo…Renoir é o preferido! Lembrando uma historinha: Na escolinha, o neto fez a releitura de mestres famosos da pintura…Do alto da sabedoria dos seus olhos de seis anos, o comentário: Renoir era um ótimo pintor, os outros precisavam treinar mais, rsrs…
    Beijinhos e um final de semana iluminado!
    Ana

  • Olá Ju tudo bem?
    Muito obrigada pelo seu comentário lá no blog. Adorei saber sua opinião e posição sobre o parto com amor.
    Menina, acho lindo pinturas tipo expressionismo.
    Adorei seu post… me lembrou as aulas de artes no colégio rs.
    Beijos, boa semana.

  • Olá Jussara querida. Confesso que gosto mais do impressionismo, embora ame várias obras do Picasso, entre outros excêntricos.
    A propósito de grandes pintores, não resisto a partilhar um artigo, muito divertido, sobre como identificar os grandes mestres: http://Uma tela de Van Eyck, por exemplo, será aquela em que todos parecem o Putin, haha.
    Um beijinho, uma doce semana
    Ruthia d'O Berço do Mundo

  • De forma clara você nos passou importantes informações sobre as transformações pela quais passou a pintura e o significado da denominação da tendência. Confesso que sigo meu coração ao olhar uma tela. Não faço questão de entender o que pretendeu dizer o artista, mas o sentimento que me despertou. Daí, digo que gosto ou não. Excelente sua postagem. Bjs.

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