O CLUBE DO TRICÔ

O CLUBE DO TRICÔ
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Entre uma e outra consulta médica, ontem, em Varginha, sobravam-me duas horas para ocupar como quisesse. Resolvi gastá-las em busca de uma loja de lãs que me indicaram, cerca de dois quilômetros de onde me encontrava, e suprir-me de material para uma nova manta de crochê. Não fui muito feliz na empreitada, uma vez que o estoque solicitado para a estação ainda não chegara, mas fui agradavelmente surpreendida com um autêntico “clube do tricô” a ocupar metade do espaço disponível para circulação no já exíguo espaço da loja.
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Umas seis mulheres se ocupavam com trabalhos de agulha: tricô, crochê, tapeçaria. Não resisti e comentei com elas sobre o best-seller de Kate Jacobs, O clube do tricô, que aparentemente nenhuma delas conhecia embora o reproduzissem com naturalidade entre pontos e laçadas. Uma das mulheres chegou a brincar que o grupo ali reunido estava “mais para clube de fofocas que para clube do tricô” e até esse comentário mostrou proximidade com o romance da escritora norte-americana, pois as mulheres que se reuniam na loja de Georgia Walker, no coração de Manhattan, também utilizavam aquele espaço e o tempo passado ali para trocarem experiências, fazerem amizades e, claro, para fazerem e aprenderem a fazer tricô.

Depois de prometer voltar para deixar-lhes o livro, saí sabendo que hoje escreveria sobre ele, muito embora não sentisse, até então, nenhuma vontade de fazê-lo.

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Capa da edição brasileira

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Não continue a ler se não deseja comentários
(embora superficiais) sobre o final do livro
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Por que eu não pretendia falar sobre o livro?

Porque tem uma linguagem fácil, rotineira, acessível demais e prefiro um linguajar mais elaborado, quase poético, ou a linguagem erudita dos clássicos.

É o tipo de leitura de entretenimento que prefiro ver transformada em filme a ter que gastar horas preciosas que poderia empregar numa leitura mais densa e edificante. O enredo, aliás, parece ter sido pensado para o cinema e a autora deve estar feliz com a venda dos direitos para Júlia Roberts: não há grandes peripécias (deve ser por falta delas que demorei duas eternidades para lê-lo), mas as personagens são fortes, cativantes, exemplares. 
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Kate Jacobs e Julia Roberts
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O final triste é gratuito – nada ao longo do livro prepara para ele – por isso discordo da resenhista que disse que “quem prefere o estilo conto de fadas com final feliz, acredito que não vai gostar”. Não se trata de esperar um final feliz, mas de esperar por aquilo que é desenvolvido ao longo da obra, acredito eu, não jogado goela abaixo do leitor já nas páginas finais. Tanto é assim, que a resenhista citada comenta o fato de o final ter sido “surpreendente, eu realmente não esperava o que aconteceu”. Claro que não. Quem esperaria?.

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Capa da edição portuguesa
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Na aconchegante lojinha Walker and Daughter, de Georgia Walker e sua filha Dakota, situada num charmoso prédio antigo no Upper West Side, acima de uma delicatessen, toda sexta-feira é noite de tricô. Com idades diferentes, diferentes origens e problemas também diversos, as mulheres que compram de Georgia suas agulhas de tricô e seus novelos de lã acabam se unindo por fios de afeto tão duráveis como as malhas que tecem juntas..

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Capas de edições em língua inglesa
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O retorno do pai de Dakota, que a menina de treze anos nem chegara a conhecer, bem comoo reencontro com uma amiga  de Georgia dos tempos de colégio, coincidem com o sucesso da loja e o reconhecimento de Georgia como artesã de sucesso em Nova York. Tais acontecimentos, entretanto, precipitando-se, farão com que Georgia Walker precise mais do que nunca se apoiar em Anita, uma senhora elegante, viúva e rica, sua melhor amiga e conselheira, quase uma mãe.

Nesse momento é que os laços entre as personagens se tornam mais visíveis que as laçadas que elaboram no Clube do Tricô.

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Capa da continuação da obra. Sem edição no Brasil

 

Beijo&Carinho,
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25 thoughts on “O CLUBE DO TRICÔ”

  • Ficou lindo o post, maezinha!
    Veio a calhar encontrar um "clube do tricô" de verdade, pois combinou com o livro que você acabou de ler!
    Tudo impecável, pra variar. Te amo 😉

    Angela

  • Jussara, tanta conversa que poderia fluir entre nós duas, tanta!
    ( de repente, lembrei um verso de Florbela," … Tantas mulheres na tua vida, tantas …")
    Vamos por partes! O tricô. Há lá coisa melhor, mais relaxante, mais introspetiva? Sempre existe um par de agulhas, um novelo de fio, prontos a ser usados, aqui no meu espaço.
    Li, há tempos, um livrinho light com essa mesma temática, creio, contudo, que não seria esse. Também o achei decepcionante.
    Voltando a Florbela, dei, durante anos, aulas de literatura portuguesa, a alunos da área das Humanidades, pré universitários. Do curriculum fazia parte a elaboração de um portfolio sobre um autor, dentro de um leque proposto. Florbela Espanca fazia parte das opções e, confesso, tive uma overdose da escritora, porque todas, mas mesmo TODAS as meninas a escolhiam.
    Também eu, na minha adolescência me revi nas suas mágoas … Qual a menina que não o fez?
    Jussara, tencionas voltar a Portugal?
    Sinto que vontade não te falta!
    Um grande beijinho da Nina

  • As pessoas mais bonitas que conhecemos são aquelas que conheceram a derrota,
    o sofrimento, a luta, a perda;
    e de ter encontrado seu caminho em direção à luz,
    longe das coisas ruins. Essas pessoas têm uma paz,
    uma sensibilidade e uma compreensão da vida que nos enche de compaixão,
    gentileza e um profundo cuidado amoroso.
    Pessoas bonitas não acontecem apenas,
    de repente. Elas se constroem dia após dia.
    Não me deixe parar nunca, e que sua esperanças se renovem a cada amanhecer.
    Um ferido abençoado e feliz .
    Li e levo no coração sua postagem
    na esperança de ter deixado você feliz com minha mensagem nesse
    feriado.
    Beijos no coração afagos na sua alma.
    Carinhosamente,Evanir.

  • Dei uma passada rápida pelo seu blog e gostei bastante. me identifiquei… deve ser porque meu pai também é de Minas. Quero voltar outras vezes mais e ler tudo.
    Estou te seguindo… me segue também.
    até mais. Lan Polo.

  • Oie Jussara,
    Não conhecia o livro mas fiquei interessada em ler, se a Julia Roberts comprou os direitos, possivelmente fará um filme q será sucesso garantido, como aconteceu com o 'comer, rezar e amar'.
    Eu queria mesmo era um dia aprender a fazer trico…kkk
    Bjs e td de bom

  • Oi, Ju,

    Eu também tenho evitado os livros nos quais capto – digamos – algum apelo comercial. E isso porque estou tentado empregar melhor o meu tempo, já que há tanta coisa importante para ler, né? rsrs. Mas admito que as vezes me deixo fisgar por coisas mais leves e descompromissadas, meros entretenimentos, como deve ser o caso deste livro, rsrs. A estória, aliás, tem umas similaridades com a do 'Colcha de retalhos (How to Make an American Quilt)'. Mas deste filme eu gostei, você já o viu? ele é meio antiguinho, rsrs.

    Beijo!

  • Não entendo nada de tricô, agulhas e laçadas, nem li o livro da Kate, mas é muito bom saber que em Minas e talvez em outros lugares do Brasil ainda existem senhoras que se reúnem para tricotar e fofocar. As moças e mulheres daqui não fazem mais tricô, perderam a técnica ou nem a aprenderam. Ficam só na segunda parte… E já que fofocar é inevitável (para nós também), aí é uma fofoca produtiva e artística. Viva!

  • Oi Jussara,
    Não li o livro .
    Interessante a sua observação, porque geralmente prefiro ler os livros antes de assistir o filme!
    Nem sempre espero por finais felizes, prefiro finais que sejam condizentes com o o desenrolar da trama…
    bjs,ótima noite.
    Amanhã minha casa estará por lá!:)

  • Oi Jussara!

    Menina, quase perdi o sorteio! Perco mais não!
    Já te coloquei duas vezes na minha lista de blog, e some, vou pegar esse Blogger/Google!!!
    Ju, fiquei super curiosa com o livro, vou procurar nas livrarias, semana que vem vou á S. Paulo, a trabalho com certeza vou acha-lo.

    Grata pelo carinho de sempre com a Jubiart!

    Bjosssss

  • Minha amiga super querida… que saudade imensa dessa minas. Peço milhares de desculpa pelo sumiço, pela ausência, por não vim aqui se quer dá um Oi. Mas, a correria do dia-a-dia, os preparativos a todo vapor para terminar o enxoval logo, minha saída do trabalho, tem ocupado meu dia quase inteiro. Próxima semana estarei livre por total, somente curtindo a casa e meus filhotes, que delícia! Risos.
    Agora terei mais tempo de vim aqui e passar um bom tempo me encantando com suas postagens!

    Quanto ao filme e ao livro, será uma indicação pra mim, já que não conhecia!

    Vou correndo participar, ainda bem que cheguei a tempo.

    Beijo enorme e cheio de saudade.
    Lorena Viana

  • Jussara querida

    Adorei o pequeno resumo do livro, e lógico que também fiquei curiosa.

    Esses grupos de senhoras, tricotando, é muito gostoso. Porque além de trabalhar,

    também trocam outras experiências.

    beijo carinhoso

    Regina Célia

  • Querida, obrigada por seu carinho com a Bebel. Ela está bem,mas sabemos que virão dias preocupantes e dolorosos. Carinho e proteção é o que nossa pincher de 10 anos precisa agora.
    Fiquei interessada em ler este livro, vou procurar por aqui.Já estou seguindo o seu blog.Beijos.

  • Olá, menina adorei esse clube de trico, quando morava em porto alegre participava de um, era formado por senhoras e eu tinha 16 anos, aprendi muitas coisas com elas, mas fofoca era o tema principal. hahaha Fiquei curiosa com este livro, mas sou meio infantil para literatura, gosto de final feliz. Só assisto desenhos infantis, assisti aquele filme Austrália, chorei uma semana.
    Bjos e tenha um ótimo fim de semana.

  • oi Ju
    poxa que sorte
    encontrar um clubinho assim
    precisamos disto para sobreviver ao meio deste caos urbano
    onde quase ninguem nem se fala
    e tinha um grupinho de ulheres que faziamos os quadradinhos do amor
    e neste tecer com croche, unir os quadradinos e ver a colcha pronta e doada fiz amizades lindas, risadas, desabafos, a gente acaba se conhecendo
    esta resenha me lembro o filme que as mlheres se reuniam para fazer colcha de patch
    e o filme tb é lindo
    ja vou colocar na minha lista de filmes – adoro historias assim ,
    bjs
    lu

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