SOBRE A CHUVA

SOBRE A CHUVA
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Eu amo chuva! Amo a chuva amena, tranquila, que refresca a terra e o ar e pela qual se espera com ansiedade. Chuva serôdia, como a Bíblia a chama, como meu avô Edson gostava de repetir. Gosto de seu tamborilar na vidraça e de sua “cantilena” nos “beirados”, como a traduziu Florbela Espanca, a dizer “coisas que ninguém entende”.
Depois de um dia de calor opressivo é bom senti-la chegar de manso, a serra de repente tornada branca; um instante de cheiro de pó, depois o resgate da frescura que devia haver no Éden quando Deus ali aparecia, na “viração do dia”, a fim de conversar com Adão.
Compreendo que existem situações que justificam certa apreensão com a chegada da chuva: ocupação de terrenos inapropriados, cidades inteiramente pavimentadas e superpovoadas, sem muitas possibilidades para o escoamento da água, bueiros que acumulam lixo jogado nas ruas em consequência da má educação do povo, da omissão dos governos. Compreendo. Entendo, ainda, que não a queiram bem nos países do hemisfério norte onde a relacionam ao inverno e ao frio intenso. Quando digo, porém, que a amo, não penso em frio, nem em tempestades, embora me solidarize com quem vive essas situações sombrias. Como temos aqui invernos quase sempre secos, meu amor se dirige à chuva que se prepara nos períodos de grande calor e que se derrama como uma bênção. Não gosto de tempestades. No meu sótão o vento assovia e nem é preciso abrir janelas para perceber que o céu se ilumina cortado de clarões, toda a casa a estremecer ao som dos trovões.
Eu sempre espero com ansiedade a chuva miúda, que deixa o dia fresco e cinzento, que permite o recolhimento, que não exige alegria como parece fazer o sol.
Em dias seguidos de chuva parece ser permitida a melancolia, a leitura sossegada de um livro, o silêncio… só a cantiga dela lá fora.
Em dias seguidos de sol, eu espero a chuva.
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Para aqueles que não amam com tanto fervor a chuva, ou que realmente não gostam dela, deixo com carinho o poema abaixo, um dos primeiros que decorei, ainda menina:
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A CHUVA
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– Mamãe! Que chuvinha enjoada!
Me deixou toda molhada,
Sapato, roupa e chapéu
Não servem mesmo pra nada…
Esta água que cai do céu!
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– Não digas assim, minha filha!
A chuva é uma maravilha    
Pois ela, molhando o chão,
Faz crescer a couve, a ervilha
O arroz, o milho e o feijão.
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A chuva molhando a terra
Cobre as flores, a serra,
Amadurece o pomar,
E a semente que se enterra
A chuva é que faz brotar.
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Por isso é que a chuva é boa
E a terra seca a abençoa…
– Sim, mamãe, compreendendo bem,
Mas por que é que a chuva, à toa,
Cai nas calçadas também?
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(Manoel Tigre)
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Não é fofo?
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Beijo&Carinho,
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Crédito da imagem em destaque, aqui.
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26 thoughts on “SOBRE A CHUVA”

  • Oi Jussara!!! Amei o seu blog.. Vou te visitar sempre!
    Olha so, vi seu comentario no Blog bacanérrimo Craft to inspire, sobre Paris, te digo que o receio com os franceses não é tão necessario.. Moro em Nice sul da França e mudei completamente a minha visão dos franceses.. Adoro a França! O Fime Meia noite em Paris é um arraso, ne?! Gostei tanto desse filme que fiz ate um post sobre ele no meu blog :,)
    Fica bem!
    E otimo fim de semana
    Joanna Gandra

    http://mapetitelima01.blogspot.com/

  • Joanna,
    nossa… fico tão feliz que tenha gostado do blog! Sim, venha me visitar sempre, será um prazer recebê-la.
    Amei o filme do Woody Allen… vou correndo ao seu blog procurar seu post… rs
    Vc me tranquilizou sobre os franceses. Eu estive no norte da Espanha, quase na divisa com a França, mas deixei para visitá-la num outro momento. Bom que é agora já tenho o seu parecer sobre o assunto, que é super importante para mim por dois motivos: por vc ser brasileira e por morar aí.
    Abraço!

  • Eu gosto dessa chuvinha pequetita também, daquelas grandona tenho um medão rsrrs !!!

    Mas e o cheiro da chuva depois de um dia de calor ??
    Ah,não tem perfume melhor !!

    Bjus 1000 querida

  • Olá Jussara, tudo bem? vim aki pra retribuir seu carinho, adorei sua visita e também seu blog, confesso que os dias de sol é realmente lindo, mas amo tambem aquela chuvinha calma no fim de tarde, mas as vezes pra mim a chuva atrapalha, tenho uma filha cadeirante e não sei se vc sabe pra nós é um pouco complicado, mas não tem importância, amo do mesmo jeito, ah amei o poema realmente a menina tem razão por que chover na calcada rsrsrs….
    Bem desculpas se houver escrita erradas, pois escrever pra uma doutora em literatura temos que ter cuidado no que escreve rsrsrsrs… brincadeirinha heim amiga!!!
    Beijos querida e mais uma vez obrigada pela sua visita, serás sempre bem vinda em meu cantinho.
    Fique na paz!!!
    Sheila

  • Oi Jussara, é a Vi, ler seus textos é como entrar em outro universo, viajar no tempo e no espaço.
    Gosto de dormir ao som da chuva, aquela que bate no telhado suave e faz a gente adormecer.
    Gosto do cheiro de terra molhada quando as primeiras gotas da chuva caem sobre ela.
    A chuva não tem culpa, se impermeabilizamos o solo, se modificamos os leitos do rio.
    Plantamos vento, vamos ter que colher tempestades.
    Muitos beijos,Vi

  • Sheila, realmente, no seu caso e no de sua filhinha, acho que o poema fala a mais pura verdade: a chuva cai "à toa"… qto à preocupação com erros na escrita, não se preocupe… estamos só "proseando"… rs
    Volte sempre… bom tê-la aqui!Abraço!

  • Eu gosto e reverencio a chuva e tempestades também, claro q muitas vezes chuvas & tragédias caminham juntas, mas assim isso é parte da Vida. Só não gosto de tomar chuva, sapato molhado, roupa molhada, não gosto. Gosto de chuva quando estou dentro de casa.
    Esse poema é simplesmente delicioso. Um achado.

  • Regina, que bom que gostou do poeminha! Também o acho delicioso, todo ritmado, muito bom. Tal qual você e a menina do poema não gosto de sapatos molhados, mas o momento de amar a chuva é justamente o que você citou: dentro de casa… ela lá fora… rs
    Abraço!

  • Jussara quando li esse texto, me vi falando para meus amigos e familiares o quanto adoro a chuva.
    Na minha cidade, costumamos dizer que só temos Verão. O Sol ardente. Quando chega um chuvinha que ameniza, até o sentimentos ficam mais em paz, ameniza a almam perfuma a vida.
    Ontem choveu no fim do dia, que delícia!
    Esse poema está lindo. Cheio de doçuras, em forma de palavras.

    Beijinhos.
    Lorena Viana

  • Carla, ficar em casa embaixo do cobertor curtindo o barulhinho da chuva é uma das melhores coisas da vida!
    Vou mesmo fazer a coleção. Ontem já andei dando uma olhada… rs
    Coisa boa vc se lembrar da toalha que minha mãe pintou. Amei!
    Abraço!

  • Compartilho com você este amor pela chuva! Desde menino me encantava ver a chuvarada caindo. Corria atrás dela me encharcando com seus pingos d'água gelados ou mornos. Chuva me traz inspiração. Me interioriza imensamente. Dias atrás, estava com minha pequena dentro de casa (leia-se apartamento)e começõu a chover. Fiquei olhando pela janela a chuva e minnha filha me fez um pedido insólito: "Pai, me leva lá fora prá tomar banho de chuva?" Não pensei duas vezes, coloquei uma bermudinha e uma blusinha nela e fui contente lá no estacionamento vê-la se esbaldar na chuva. Foi uma cena linda que jamais vai me sair da memória: o 1º banho de chuva de meu pedaaçinho de céu!!

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