“ROSA E AZUL” E UM ANO QUE COMEÇA

“ROSA E AZUL” E UM ANO QUE COMEÇA
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Impossível, para mim, falar em “rosa e azul” sem me lembrar da emoção indescritível de olhar pela primeira vez a tela original do pintor impressionista francês, Auguste Renoir (1841-1919), no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Eu teria que não ser quem sou. Uma citação corriqueira dos tons de uma roupa, ou qualquer outra coisa que envolva “rosa e azul” e lá estou de novo no corredor do MASP, em frente à tela, a me debulhar em lágrimas de pura emoção. O Impressionismo é, talvez, o estilo de pintura que mais admiro, e a tela “Rosa e Azul” a minha preferida entre todas as pinturas famosas do mundo.
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Há uma ameaça de choro no olhar da menina de rosa, como se ela, cansada de posar, quisesse muito interromper a sessão. A garota de azul, por outro lado, mais velha, tem o olhar envaidecido de quem se considera digna de ser retratada. Sua mãozinha esquerda, inclusive, parece abrir levemente a saia a fim de que essa fosse melhor percebida pelo pintor. Seu joelho direito ligeiramente flexionado, um pouco atrás da perna esquerda, esticada, falam de sua preocupação em criar certa “pose”. Elas não parecem pintura, parecem ter vida e poder escapar da tela enquanto você pisca. Eu amo essa pintura, amo Renoir, amo as cores rosa e azul.
Tudo o que escrevi até aqui foi só um preâmbulo. Como adiantei, não consigo ouvir/falar/ler/escrever os nomes dessas cores, assim associados, que penso imediatamente na tela de Renoir. Foi o que aconteceu agora. Na verdade pretendo falar de pratos e de uma bela toalha de mesa pintada com tinta para tecidos. Penso que agora já posso passar, sem riscos de recaída, para esse outro território:
Há uns dois meses comprei um aparelho de jantar e chá para quatro pessoas – o que é uma tendência nestes tempos em que as famílias ficaram menores. Em minha casa foi tendência desde sempre, pois só tenho um irmão e com ele e meus pais é que eu partilhava as refeições. Hoje as partilho com meus filhos – Gabriel e Ângela – e com minha mãe (meu pai come refeições especiais que lhe são servidas num bowl, que aqui em Minas chamamos de cumbuca). Somos novamente quatro à mesa.
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Prato raso
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Prato fundo
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Prato de sobremesa
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Chávena de chá e pires
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Encantou-me a mistura de xadrez e floral, azul e rosa,  e o fato de cada uma das peças utilizar de modos diferentes esses padrões. A compra resultou desse encantamento. Uma ou duas semanas depois encontrei um tecido xadrez (esse que aparece no fundo das fotos) no mesmo tom de azul dos pratos, embora num tamanho um tantinho menor. Num impulso comprei o suficiente para fazer uma toalha de mesa. Como não sei costurar, corri para a minha mãe no costumeiro pedido de ajuda. Ficou combinado que ela faria uma barrado de uns 5 cm em toda a extensão do tecido, com um debrum de sianinha. Eu me dei por mais que satisfeita e imaginei que não daria trabalho demais a ela que já tem o tempo bastante comprometido.
Minha mãe, entretanto, fez mais que o combinado, e as imagens a seguir foram o presente que ela me deu no Natal:
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Além do debrum combinado,
minha mãe pintou no tecido as mesmas rosas dos pratos!
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O Ano Novo chegou quando minha filha e eu o esperávamos, à varanda; chegou iluminado pelos fogos de artifícios e pelos desejos concentrados de milhões de pessoas. Sobre a minha mesa ele encontrou a toalha de xadrez azul  cheia de rosas cor-de-rosa.
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Beijo&Carinho,
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26 thoughts on ““ROSA E AZUL” E UM ANO QUE COMEÇA”

  • Bom dia Jussara! Manhã muito fria aqui, muito vento 🙁

    Gostei muito dessa postagem Jussara. Dá maneira como falou de sua emoção ao ver o quadro de Renoir pela primeira vez, das compras que fez, e da bela toalha que sua mãe costurou e pintou. Com toda certeza ela tem mãos de fada.
    Desejo a você e sua família um 2012 com saúde, momentos felizes, e que seus sonhos e planos se realizem.
    Um grande abraço

  • Oi, Regina, aqui muito calor… tenho roupas a secar no varal, mas o céu cinzento prenuncia chuva…
    Obrigada pela sua visita e pela leitura atenta e carinhosa do meu texto. Seus posts sempre me inspiram e é gratificante saber que posso também suscitar emoções.
    Abraço!

  • Jussara que lindo post!!! Começando pelo bom gosto na escolha dos pratos e da toalha e ainda por cima uma demonstração de carinho tão maravilhosa feita pela sua mãe!!! Que lindo!!! Esta toalha é uma daquelas coisas que passamos de mãe para filha com o maior orgulho e prova de carinho. Grande abraço e adorei conhecer o seu blog que acabei de conhecer enquanto retribuía sua visita carinhosa.
    http://www.arquitrecos.com

  • Jussara, acho que nunca te disse, mas me encanta, demasiadamente, suas leituras sobre obras de arte. Desde a faculdade quando vc lia e declamava poesias para nós. Perdoe-me, porém vou confessar-lhe um segredo: eu tento copiar esse seu jeitinho(mineiro?!) nas minhas aulas. Não quero roubar seus direitos autorais! Sempre a cito para meus alunos, principalmente quando meu objetivo e despertar a paixão pela arte da palavra.

    Admiro vc de mais! bjks
    Fabiana

  • Tem imagens que de tão bonitas a gente enxergam com os olhos da alma… é assim que estou enxergando a beleza da sua louça e o encanto da sua toalha, que nos passam sentimento de muito afeto por quem foi feito!
    Um verdadeiro sentimento de harmonia pros meus olhos…
    Amei!
    Essa pintura de Renoir, fico em estado de graça quando as contemplo!Imagens que me encantam.

    Beijos cheio de encantamento!

  • Oi Jussara, mas que encantamento se deparar com essas imagens inspiradas na obra de Renoir…
    A louça é linda e a toalha que sua mãe fez é simplesmente maravilhosaaaa! Nossa amei de paixão viu?
    Feliz ano novo de novo!!
    bjus
    yvone

  • Fabiana,
    acho que mais do que jeitinho mineiro, é dom. Tenho facilidade para a análise de obras de arte. Não me importo que copie meu jeito… rs… não estou mais em sala de aula… e o importante é que funcione!
    Obrigada pelo seu carinho para comigo, com meus textos, pelo elogio ao trabalho da minha mãe. É muito bom tê-la sempre aqui!

  • Yvone,
    obrigada pelo visita. Tão bom tê-la aqui! Tô tão encantada com a minha toalha que temo fazer algo que não é do meu feitio: reservá-la para ocasiões especiais. Sempre uso td que tenho… mas… ai, que medo de um molho qualquer manchar a minha queridinha!rs
    Abraço!

  • Como prometido, estou colocando a leitura em dia e, claro, o romance Dora e Dorinda não passaria despercebido. Eu, que adoro uma boa história e sou capaz de ficar horas e horas lendo-as, já fiquei curiosa por conhecê-la na íntegra. Triste, é ver mais uma vez o desinteresse de alguns, que são muitos, para darem valor a esse tipo de trabalho e outros trabalhos artísticos.
    Mas vamos ter esperança que, como você disse, o trabalho de vocês seja reconhecido.Se for possível adquirir um exemplar (me diga como), gostaria de fazê-lo.
    Parabéns a você e ao "Seu" Abel.

    Abraço!

  • Keilla,
    seu comentário acabou saindo sem assinatura, mas como vc me escreveu antes de comentar, por uma ou outra pista acabei descobrindo que era seu… rs
    Obrigada pelo carinho comigo, pela amizade, pela leitura e comentário no blog – por se interessar.
    Abraço e saudade!

  • Que coisa mais linda esse post, Jussara. Tbem adoro rosa e azul, não entendo nada de poesia e poemas, mas sinto que essa toalha linda pintada por sua mãe e suas louças, são para mim pura poesia. O ano novo chegou aí com muito romance,desejo mto amor em 2012, bjs.

  • Pois aí está: um comentário para dois textos… Poesia é isso: uma noite de ano velho-novo, com uma toalha 'inventada' pela mãe para combinar com o gosto da filha que pensava na alegria dos filhos… Poesia é, simplesmente: amor que sai pelas palavras. Até pode ser um amor-dor, amor-silente, amor-choro, amor-desolação,amor-esperança, amor-desespero, amor-cético, amor-criança, amor-adulto, amor-jovem, amor-adolescente, amor-aborrecente… Mas: AMOR! Ah amor-senil, amor-trêmulo… amor-saudade! "Sor" Pilar

  • Jussa, ficou uma lindeza. O post, a pintura de Renoir que dispensa comentários (porém o que você teceu sobre ela é de uma delicadeza incrível e de incrível perspicácia ao notar os detalhes das meninas. Uma quase chorando, talvez por horas e horas a posar, e a outra num extase quase total), o aparelho de jantar, a toalha (maravilhosa!!), as flores e, por fim, a recepção do ano novo com rosas e todos os detalhes acima. Um esplendor!

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