PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO NATAL

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO NATAL
.
Vovô Dito, meu avô materno, era um homem especial. Ele fazia questão de celebrar o Natal e ao seu redor nos reuníamos todos – o sorriso no rosto dele a garantir que a festa seria um sucesso. Vinham os tios e primos que moravam fora… a casa ficava cheia a ponto de o assoalho antigo gemer… Depois de sua morte nunca mais essas reuniões foram iguais. Além disso, ampliou-se minha consciência da comercialização da data, da quase exigência que se faz ao consumo, da evidência gritante das desigualdades sociais e a representação de uma alegria que nunca me convence como inteiramente verdadeira. Então fico meio emburrada, meio na contramão. O que não significa que não ame a data, que não aprecie seus símbolos, que não me emocione com o verdadeiro afeto trocado, com o repicar de sinos e com as canções.
Amo especialmente as guirlandas às portas, a lembrarem que a casa está em festa, e é inegável que as milhares de luzinhas que se acendem nessa época deixam mais bonitas as cidades. Acredito, entretanto, que muitos dos símbolos utilizados no Natal tenham vindo do paganismo e não representam, nem de longe, a história do menino santo que nasceu para que os pecadores pudessem de novo se chegar a Deus. Se houvesse cá na terra um só ente sem pecado que pudesse com sua morte expiar o pecado humano, Jesus não precisaria ter nascido. Mas Ele veio. Deus transformado em criancinha dependente, a precisar da inexperiente mãe e do pai que sabia que não era pai Dele, gerado que fora pelo Espírito Santo. Ele veio. Cumpriu nessa vinda muitas profecias que circulavam sobre a chegada de um rei. Poucos, entretanto, entenderam que seu reinado não era deste mundo, que por esse motivo mesmo “não havia para eles lugar na estalagem” e ele teve que nascer numa estrebaria emprestada, colocado, envolto em panos, numa manjedoura.
Claro que a história não para aí. Se hoje temos garantia de uma vida eterna é pela certeza de que o sacrifício que mais tarde Jesus realizará na cruz é o único plano aceito por Deus para resgate do pecador. Mas a história começa aí… nessa estrebaria… nessa manjedoura… 
Já perceberam, nesta altura, que dos símbolos natalinos o meu preferido é o presépio… rs. No porão da casa de meus avós costumava achar pecinhas perdidas de um presépio que com o tempo deixou de ser montado… Talvez meu encantamento por essas figurinhas tenha surgido nessas brincadeiras no porão e se tornado mais real quando me encantei por Jesus… O fato é que tenho alguns pequenos presépios. Às vezes dou algum de presente, como este ano farei – dos meus mesmo, retirado da minha coleção – quase sempre ao encontrar um diferente acabo por comprar.
A minha comemoração é simples, como simples foi o nascimento e a vida do aniversariante.
..
.
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” 
                                                                                  (Isaías 9: 6)
.
.
.
.
.
Beijo&Carinho,
.
.
.
.
.
Compartilhe esta página as redes sociais:


24 thoughts on “PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO NATAL”

  • Olá Jussara, quantas verdades em cada linha do seu texto. Na verdade, depois que minha avó faleceu nosso natal tbem esfriou um pouco, depois perdi meu pai e um tio querido e aí a coisa ficou mesmo muito diferente das reuniões que vivi na infância… mas minha mãe, com 90 anos por incrível que pareça, continua dando uma importância enorme a tudo que envolve essa data, inclusive com exigências de ceia etc e tal, que não dou a mínima e tenho que me desdobrar para agradar a ela, e qto mais velha fica… mais criança vai virando, rs. Esse ano está exigindo um vestido novo para a noite do natal, é mole??? Aí já viu… uma coisa puxa a outra e acabo enfeitando tudo, rs.
    Mas o mais importante mesmo, é abrir as portas do coração para o aniversariante fazer morada.
    Fiquei encantada com a sua coleção de presépios, lindos de viver, o de cristal dado por sua mãe é uma lindeza, e o pequenino na forma de ovo??? amei esse post.
    Dê tbem os parabéns a sua mãe pelo belo trabalho, maravilhosa a guirlanda de crochê. bjs.

  • Anita,
    obrigada pela visita ao meu blog e pelo comentário, Qualquer dia falarei da minha avó, que tem 93 anos. Ela não conseguiu manter os natais que o meu avô promovia, mas gosta de festas e de roupas novas. É muito vaidosa e se preocupa com o que vai vestir com muiiiiita antecedência. Pelo que me disse da sua mãe, acredito que se elas morassem perto uma da outra, seriam certamente amigas!
    Obrigada também pelo carinho enviado à minha mãe. Um abraço!
    http://www.minasdemim.blogspot.com

  • Oi Jussara, brigada pela visita e bem-vinda ao Craft to Inspire! Espero te ver sempre por la! Vim visitar teu blog e ta muito legal e seus trabalhos sao fofos! Espero so cresca e cresca! Procurei o link para te seguir, mas nao achei. Volto depois.
    Amo Minas, os mineiros e as coisas dai!
    Entao vc tambem eh fa de uma feirinha de antiguidades? Vc iria enlouquecer aqui pela Inglaterra!
    Abs,
    Dene

  • Dene, amo feirinhas de antiguidades. Amo! Preciso aprender a falar em inglês para percorrer um dia as feirinhas daí. Eu leio até bem em inglês, mas na hora de falar não sai nada! Obrigada pela visita, pelo carinho, pelo incentivo. Estou sem o gadget "Seguidores" desde que criei o blog. Problema do Blogger que diz que tem técnicos trabalhando nisso, mas ainda não resolveram… Fico tão frustrada! Volte, sim, mais vezes. E assim que os "Seguidores" estiverem funcionando, aviso vc, tá bem?
    Abraço!

  • Otimo texto Jussara. Eu particularmente nao curto muito o Natal + nao. Gosto de lembrar das reunios de familia da epoca em que eu morava no Brasil. Acho que hoje o Natal e puro consumismo louco, e isso me incomoda muito, no entanto gosto do que o Natal representa, mas pena q hoje parece q muito de seu significado nao existe mais.
    Seus presepios estao lindos, principalmente pq trazem uma estoria afetiva de sua familia.

    ps.: desculpe-me o portugues sem acentos, mas estou no trabalho e o computador daqui nao aceita os acentos de portugues.

  • Também não sou muito chegada na ocasião, você sabe. Queria ter participado das ceias do Vovô Dito.. estas sim deveriam ser bombantes!
    Mas, como não é possivel, passemos nós esse dia 24 tomando um vinhozinho de leve e saboreando umas guloseimas juntas, né?
    Tomara que chova! rs
    Ficou lindo o post e a arvorezinha de Natal ali no inicio da página!
    E essa casa mais da mídia? Digna de revista!
    Nossos presepinhos cheio de histórias são lindos!
    Bençoe

  • Olha Jussara, sei bem como são essas coisas do Blogger, mas fazer o que? Não te preocupa com os seguidores agora, sei que ficamos super ansiosos no início, mas o mais importante mesmo são os "views". Qto mais vc investir em postagens, mais visitantes vc terá e mais o Blogger se apressará para fixar o problema. Dá tempo ao tempo e não desista!
    Abs!

  • Delícia de texto.
    Senti-me conversando com você por ocasião desta época do ano, como costumamos fazer sempre ao redor da mesa da sua copa decorada com motivos natalinos, saboreando seus quitutes.
    Aguarde-me.
    Claudia

  • Olá,
    Adorei seu cantinho e sua visitinha no meu cantinho!
    Ótimas palavras, muitas pessoas não se indentificam com o clima natalina! Traz um pouco de nostalgia, já passei um pouco por isso, hoje me animo mais por ter uma bebezinha em casa e querer repassar todo o encanto dessa data!

    Beijão!
    pequena-prendiz.blogspot.com

  • Lorena,
    obrigada pela vista ao meu blog. Na verdade ainda não havia visitado o seu, mas uma tal de Thais Cavalcante fez isso utilizando meu endereço. Até que foi bom, porque a partir do comentário que vc fez, pude conhecer conhecer o seu espaço e, de cara, adorei suas idéias natalinas. Como você leu no meu post, amo guirlandas, e aquela toda vermelha em tecido, que vc postou, é como vc disse, linda em sua simplicidade. Aproveite mesmo para mostrar para a sua pequenininha toda a magia do Natal! Por mais que a gente se desencante depois, são essas memórias lindas que vão ficar.
    Abraço e volte sempre!…

  • Confesso a você que sou meio avesso a esta época do ano. Seja pela desvirtualização da data seja pelas lembranças que natais passados me trazem. Lembro que fazíamos muita festa e não sei porque isso foi morrendo dentro de mim. Quando nasceu minha única filhota, Lígia Maria, há oito anos atrás, relutantemente retomei a tradição. Mas foi apenas porque achei e acho que ela deveria partilhar a tradição natalina e, quem sabe, anos mais tarde,ter boas lembranças de sua infância e do bom velhinho que todo ano atende seus pedidos. E ela adora o Natal.

  • Oi Jussara… pode ou nao acreditar, mas é a primeira vez que eu comento num blog do Brasil… É que sou peruana, sabe? e sei que meu portugués nao é tao bom assim, mas hoje vou me arriscar 😉 Gostei do seu post sobre o Natal porque eu penso a mesma coisa: muitas vezes o verdadeiro significado fica perdido entre tanto consumismo, né? Aqui no Peru a gente poe a árvore, sim… mas nao tem casa sem presépio: símbolo real no Natal… e esse presépio "de ovo" que você tem, tenho quase certeza que é peruano… Se fosse assim… nao é de mármore, mas de um material chamado "piedra de Huamanga" e é feito por artistas de Ayacucho, lugar na serra do Peru. Beijo 🙂

  • Edelweiss,
    sinto-me muito lisonjeada por ser a primeira blogueira do Brasil a ter um comentário seu! E meu blog é tão jovenzinho, ainda não completou um mês!
    Seu português é muito bom, sim! Que bom que se "arriscou" e me escreveu"!
    Normalmente sei a história de cada presépio meu. O de formato "de ovo" não lembro bem onde consegui. Tenho a vaga idéia de ter sido numa feira em São Paulo onde frequentemente há peruanos e bolivianos a vender artesanato. É bem possível, portanto, que vc esteja certa e que o material dele seja essa pedra de "Huamanga"…
    Nossa… feito na serra do Peru? Justamente um dos lugares que mais sonho visitar!
    Obrigada pela visita e pelo comentário – que AMEI! Abraços!

  • E eu fiquei muito feliz com sua resposta… só agora li que você e escritora e doutora em literatura… tenha certeza que isso será um incentivo a mais pra ler seus posts, e assim tembém praticar meu português! Se vocé sonha com visitar o Peru, vem já; será muito bem recibida! E se precisar dicas é só perguntar. Eu vivo apaixonada por meu pais!! Beijo…

  • Oi, Edelweiss,
    que bom ter de novo sua visita. Eu procurei um blog seu para conhecer, retribuindo a visita, mas não encontrei. Daí fiquei chateada, achando que não fôssemos mais nos comunicar. Que bom que voltou!
    Sim, sonho em visitar o Peru. No momento vários fatores me retém em casa, mas quando eu for quero comprar MUIIIIIIIITO artesanato! rs
    Que bom que ama o seu país! Eu não sei se posso dizer o mesmo do Brasil como um todo… Há muita coisa por aqui com a qual não concordo… mas AMO MINAS GERAIS, o estado onde nasci e onde vivo.
    Se o blog de ajudar de alguma forma, já terá cumprido sua missão na vida e eu ficarei bem feliz.
    Abraço!

  • Eu também nao concordo com muita coisa do Peru (especialmente se falamos da política, a corrupçao, etc) mas a riqueza cultural, as paisagens, e principalmente a amabilidade das pessoas… isso nao tem preço! Mandei umas fotos para seu correio… tomara que goste!(Ah… e eu também gostaria muiiito de conhecer Minas Gerais)

  • Edelweiss,
    Acho que o que vc diz sobre o que vale a pena amar no país – a riqueza cultural, as paisagens, e, principalmente, a amabilidade das pessoas – é uma parte do que vale a pena na vida. Se a gente se atém à corrupção, politicagem… a gente quer fugir… mas ir pra onde? Só se for pro céu, pois não acredito em justiça neste mundo… Por isso é que Jesus disse que “felizes são os que têm fome e sede de justiça”, pois em “Seu Reino” serão “fartos”. Amém pra mim, amém pra vc! Quanto a conhecer Minas… é como diria o poeta… “Minas são muitas”… “ Minas é o mundo”… mas sempre se pode conhecer um tantinho desse mundo, não é? Venha e será muito bem recebida.
    Agora vou correndo ver as fotos que mandou…
    Abraço!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *